As missões das forças especiais vão além dos fatores tácticos e técnicos e objetivam, assim como levam em conta, fatores estratégicos e políticos. Quem pensa que somente ações diretas, típica de comandos, na base do grito, tiro e bomba devem ser consideradas ou treinadas, deveria estudar mais sobre inúmeras missões de forças especiais mundo afora.
Por isso vale a pena estudar, pensar, avaliar e questionar, para tentar melhorar. Soldados de qualquer unidade são humanos e podem errar. As forças especiais atuam missões extremamente delicadas e complexas que passam longe da vida de um militar comum. Logo, maiores chances de erro e estes podem vir a ser fatais para o militar e nação a que serve.
Este artigo tem como objetivo servir de estudo e analisar os erros cometidos de algumas missões SEM FALTAR AO RESPEITO E TRIPUDIAR. Depois de toda missão, em unidades como o SAS o debate é incentivado entre praças e oficiais (serve de alerta aos convencionais que nunca questionam a hierarquia) e o que aconteceu deve ser debatido e questionado de modo incisivo para vir a ser melhorado ou corrigido. Uma boa autocrítica faz parte de qualquer pessoa ou unidade que queira evoluir.
A pergunta que deveria ser feita em todos estes casos: O que poderia ser mudado pare evitar falhas? O que aprender com os erros passados? Vamos ver alguns erros de unidades de elite abaixo:
1-Spetsnaz
A crise dos reféns no teatro Dubrovka foi a tomada do teatro lotado por 42 chechenos armados em 23 de outubro de 2002 e que envolveu 850 reféns e terminou com a morte de pelo menos 170 pessoas. Os terroristas, liderados por Movsar Barayev, reivindicaram lealdade ao movimento separatista islâmico na Chechênia. Eles exigiram a retirada das forças russas da Chechênia e o fim da Segunda Guerra Chechena. Devido à estrutura do teatro, as forças especiais teriam que lutar por 30 metros de corredor e atacar uma escada bem defendida antes que pudessem chegar ao salão em que os reféns eram mantidos. Os agressores possuíam vários explosivos, sendo que os mais poderosos estavam no centro do auditório. Após o assassinato de duas reféns em dois dias e meio, os grupos de elite da Spetsnaz do Serviço Federal de Segurança (SFS) Alpha e Vympel, apoiadas por uma unidade SOBR do Ministério de Assuntos Internos da Rússia (MVD), bombearam um agente químico não revelado sistema de ventilação do edifício e iniciou a operação de resgate. Todos os 40 insurgentes foram mortos MAS 204 reféns morreram durante o cerco, incluindo nove estrangeiros, devido ao envenenamento pelo gás usado pelas forças russas. Todos, exceto dois dos reféns que morreram durante o cerco, foram mortos pela substância tóxica bombeada para o teatro para subjugar os insurgentes. A identidade do gás nunca foi divulgada, embora se acredite que alguns tenham sido um derivado do fentanil, como o carfentanil.
2- Força delta/ Delta Force norte-americana
A operação Eagle Claw foi uma operação militar norte-americana ordenada pelo presidente Jimmy Carter com o objetivo de tentar pôr fim à crise de reféns no Irã pelo resgate de 52 americanos mantidos em cativeiro na embaixada dos Estados Unidos em Teerã, em 24 de abril de 1980. O seu fracasso, e a humilhação pública que se seguiu, danificou o prestígio americano em todo o mundo e é considerado por muitos, incluindo o próprio Carter, como um dos motivos de sua derrota na eleição presidencial de 1980. A operação previa o envio de operadores da Força delta/ Delta Force norte-americana em um mínimo de seis helicópteros, mas oito foram enviados. Um teve problemas hidráulicos, outro sofreu uma avaria numa das pás e um terceiro não pôde navegar através de uma nuvem de areia muito fina (a haboob), o que obrigou um dos helicópteros a fazer um pouso forçado e os outros a voltar ao porta-aviões USS Nimitz (CVN-68). Durante o planejamento foi decidido que a missão seria abortada se restassem menos de 6 helicópteros, isto apesar de apenas quatro serem considerados absolutamente necessários. Numa opção que ainda hoje é discutida nos círculos militares, os comandantes pediram ao Presidente Carter permissão para abortar a missão e Carter acedeu ao pedido. Os militares da força Delta na verdade não tiveram culpa pela falha da missão ,pois o que ocorreu na verdade foi uma falha na logística e no transporte.
3- SAS
Talvez a missão Bravo Two Zero seja aquela que deixa muitos fatos duvidosos para quem quer polemizar. Diversos militares que participaram desta missão escreveram com relatos bem diferentes revelando o que passaram. A dificuldade existe pois a versão de cada autor contradiz o outro autor, que igualmente estevava participando. Para alguns ela foi fulminada de falhas de liderança e obtenção de inteligência que levaram a equipe a ser despejada precipitadamente ao longo do itinerário que poderia ter sido percorrido motorizado. Outros comentam sobre ser baseada em uma rota de abastecimento, quase no topo do objetivo, onde logo foram localizados. Ao contrário de outras patrulhas do SAS que operavam ao mesmo tempo no deserto, a patrulha B20 decidiu não levar veículos. Sem veículos, eles descobriram que nenhum de seus equipamentos de comunicação estava funcionando e as mochilas eram pesadas demais. Segundo uns autores, eles também haviam recebido o itinerário de fuga errado. Forçados a recuar a pé, os militares se separaram, morreram de hipotermia pois era mais frio que esperado, foram mortos ou capturados enquanto se dirigiam para a fronteira síria. As tentativas de resgate foram fatalmente atrasadas o que levou a alguns militares terem passado por tortura, uma outra coisa que muitos questionam pois os relatos não se complementam.
4- SBS
A fracassada missão de resgate britânica SBS Commando na Nigéria.
Os reféns foram assassinados por seus captores quando comandos britânicos de elite do Special Boat Service (SBS) e o exército nigeriano tentaram resgatar Robert Robert Winnett e Thomas Harding em 2012. Franco Lamolinara, um italiano também foi morto.
No entanto, isso não foi antes do esquadrão da SBS matar pelo menos dois dos terroristas durante o ataque à luz do dia em uma casa na cidade de Sokoto, no norte. O governo nigeriano da época informou que os dois supostos assassinos dos reféns haviam sido capturados.
De acordo com fontes de segurança nigerianas, os reféns estavam sendo mantidos em Sokoto depois de serem regularmente movimentados entre casas seguras na região. Com a nova inteligência, um grupo SBS – o esquadrão ‘stand-by’ para contraterrorismo – foi enviado para a Nigéria, viajando em roupas civis a bordo de companhias aéreas comerciais. Armas, equipamentos de comunicação e outros equipamentos para cerca de 40 forças especiais do Reino Unido e Royal Marine Commandos foram enviados para o país em malas diplomáticas britânicas para a Embaixada em Lagos, onde a sede operacional foi instalada.
Surpreendentemente, o governo britânico não informou a Itália sobre as operações de resgate planejadas. David Cameron autorizou a operação depois de ser informado de que o refém, cuja localização havia sido descoberta recentemente, corria o risco de ser transferido e assassinado.
Isso seguiu as exigências dos sequestradores para que o governo nigeriano libertasse os prisioneiros. Chamadas de telefones celulares interceptadas sugeriram que uma mudança era iminente e o esquadrão SBS, que estava na Nigéria por até duas semanas, lançou um resgate de emergência em plena luz do dia.
5-BOPE
Em 12 de junho de 2000, Sandro Nascimento manteve 11 passageiros de um coletivo que fazia a linha 174 (Gávea-Central) reféns, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. Foram quase cinco horas de transmissão ao vivo pela TV e pelo rádio das ameaças feitas por Sandro Nascimento. Na ocasião, foi possível acompanhar a movimentação do bandido — que vestia bermuda, camiseta e tinha a cabeça coberta — pelo ônibus. Ele fazia ameaças e apontava a arma para a cabeça de reféns, mesmo estando cercado por dezenas de policiais, entre eles atiradores de elite do Batalhão de Operações Especiais (Bope), e de curiosos.
Numa ação que motivou muito debate, um soldado do Bope atirou contra Sandro quando ele resolveu deixar o coletivo, fazendo a professora Geisa Firmo Gonçalves de escudo humano. Geisa foi atingida de raspão pela bala disparada pelo PM. Sandro reagiu e atirou contra a professora, que morreu. O sequestrador morreu asfixiado a caminho da delegacia. Três policiais se tornaram réus no processo da morte de Sandro e foram absolvidos.