domingo, 12 de novembro de 2017

História das Forças Especiais: Como a Força Delta norte-americana copiou o SAS britânico

Quando muitas pessoas falam de forças especiais muitos imaginam soldados norte-americanos musculosos e em especial os boinas verdes. 
Mas quem estudou um pouco sobre a história das forças especiais sabe sobre uma outra unidade mais secreta e muito mais operacional:  a Força Delta ou  1st Special Forces Operational Detachment - Delta (1st SFOD-D) na lingua inglesa.

A elite da elite dos Estados Unidos chama-se  Força Delta e tem uma origem bem peculiar.

Muitos desinformados, deslumbrados e desconhecedores das origens das Força Delta acreditam que tal unidade veio ao mundo pronta sem falhas e com uma doutrina baseda nos boinas verdes. Vamos ajudar as leitoras e leitores a aprender mais sobre o assunto.

No início da década de 60 e 70, surgiu a necessidade de que as Forças Armadas se preparassem para a ascensão do terrorismo global que se insurgia, principalmente por causa dos movimentos radicais islâmicos no Oriente Médio. Os anos 70 foram marcados por muitos ataques terroristas e nenhuma nação naquele momento (incluindo os Estados Unidos) tinha uma unidade especializada para combater o terrorismo.

Os boinas verdes norte-americanos haviam sido utilizados no Vietnã com um certo sucesso militar assim como os Navy Seals, Rangers e patrulhas de recohecimento de longo alcance mas nenhuma destas unidades tinha o preparo para o novo tipo de guerra que o mundo moderno conheceria em pouco tempo.

Os boinas verdes tinham um processo seletivo desgastante mas muito da sua doutrina era ainda bem convencional. Generais e outros oficiais, mesmo que longe do campo de batalha, ainda comandavam militares que operavam em ambientes muitas vezes diversos dos planejados pelos generais. Uma doutrina bem convencional com ordem-unida, treinamento físico convencional e forte respeito a hierarquia ainda imperava nos boinas verdes. Muitos oficiais militares convencionais ainda recebiam uma boina verde e o comando de unidade de boinas verdes sem nunca terem participado do processo seletivo das forças especiais ou operados em ambientes hostis.

Nesta época e em um processo que dura ainda em 2017, as Forças Armadas dos Estados Unidos e do Reino Unido tinham iniciado um sistema de troca de treinamento e num desses treinamentos, o futuro criador da Força Delta, o coronel Charles Beckwith foi enviado como "Oficial de Ligação" do Exército dos EUA como um intercâmbio, para participar da seleção e do treinamento no Special Air Service do Exército Britânico. 


 Coronel Charles Beckwith foi enviado como "Oficial de Ligação" do Exército dos EUA como um intercâmbio, para participar da seleção e do treinamento no Special Air Service do Exército Britânico. Um soldado nunca sabe tudo e deve procurar saber mais sempre.  .

Beckwith havia operado no Vietnã mas viu que tinha muito que aprender. A sua mentalidade convencional de oficial foi testadas muitas vezes aonde soldados do SAS mais experientes no campo de batalha desacatavam as suas ordens. Em uma viagem a selva o oficial norte-americano fez a barba enquanto os britânicos do SAS deixavam a barba crescer para evitar cortes infeccionados. Em outro evento Charles Beckwith ao ver dois soldados britânicos do SAS sentados no solo preparando chá pouco se importando com a presença do oficial norte-americano que os advertiu para mais uma vez ser ignorado pelos soldados do SAS.

Entretanto, Charles Beckwith ficou chocado com o profissionalismo e operacionalidade do SAS que na sua metodologia nada convencional criava soldados mais operacionais que os soldados norte-americanos. O treinamento do SAS tinha sempre uma finalidade. Oficiais perdiam o poder perante soldados mais experientes e no campo de batalha o militar mais experiente era quem comandava. Os oficiais deveriam passar pelo processo seletivo sem regalias por serem oficiais. Marchas longas carregando equipamentos e navegado por terrenos montanhosos eram o teste base  sem cangurus e outros exercícios sem finalidade nenhuma.



O SAS foi o modelo a ser copiado quando os norte-americanos decidiram criar a Delta Force.

A mentalidade do SAS provava que fatos e criatividade superavam a teoria fez com que o orgulho oficial norte-americano revisse os conceitos de Forças Especiais.

Após concluir o processo seletivo do SAS e conseguir a almejada boina bege e adquirir conhecimento necessário para treinar e capacitar soldados para a nova necessidade que surgia, Charles Beckwith voltou para os EUA e sugeriu que uma unidade nos modelos do SAS britânico fosse criada. 
A Australia, Nova Zelandia e Africa do Sul andavam pelo mesmo caminho.

Charles Beckwith encontrou muita dificuldade no caminho. Os militares convencionais dos Estados Unidos ainda comandavam os boinas verdes e a mente fechada os impedia de ver os fatos. Charles demonstrou para os altos escalões das forças armadas norte-americanas a vulnerabilidade e a falta que fazia de uma unidade militar similar a SAS mas foi boicotado e ignorado por anos. A história se repetia e parecia semelhante quando o oficial David Stirling, criador do SAS durante a II guerra, sofreu dificuldades e boicotes por parte de generais e oficiais ao tentar criar o SAS.

Felizmente e depois de muitos anos, Charles Beckwith foi chamado para criar uma unidade semelhante ao SAS nos Estados Unidos. O processo seletivo para a Delta Force foi modelado no SAS totalmente.


4 comentários:

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