Certos relatos de colegas militares de forças especiais extremamente operacionais geraram este post:
Um disse em seu livro que qualquer unidade militar poderia ocupar um local e atirar indiscriminadamente.
O outro disse que qualquer um pode apertar o gatilho no momento de atacar sem diferenciar o inimigo do inocente. O problema seria decidir o momento justo e de atirar somente no inimigo.
Duas frases, duas verdades.
Infelizmente, o público leigo ainda acha que tudo resolve-se no "grito, tiro e bomba" e que esse é o principal papel das forças especiais. Estas pessoas enxergam o combatente de forças especiais como um militar troglodita que fala sempre em vibração, cita girias militares e que berra muito sobre pagar canguru e flexão. Outros acham que unidades especializadas como infantaria de selva e paraquedistas são unidades de forças especiais.
Na verdade, estas pessoas estão um tanto enganadas.
As missões das forças especiais são bem mais complexas e por isso exigem militares inteligentes. Tais militares por serem mais bem treinados demandam um investimento maior por parte do governo incluindo o tempo e passando pela parte financeira. O treinamento consome a maior parte das reservas fincaneiras. E bem depois podemos falar sobre o equipamento. Os militares de forças especiais devem decidir rapidamente sobre como atuar em ambientes complexos em diversos setores e muitas vezes com tempo limitado, inclusive levando em conta o que suas atitudes podem gerar no futuro para os nativos e ambiente ao seu redor.
"Grito, tiro e bomba" existe sim mas nem sempre é o caso na maioria das vezes na maioria das missões. Militares de forças especiais treinam em selva, montanha, deserto e como paraquedistas para saberem operar nestes ambientes operacionais particulares e como paraquedistas como meio de transporte.
E particularidades envolvem as missões das forças especiais. Por isso poucos possuem o perfil de um operador destas unidades.
Primeiro, tais missões seguem uma cadeia de comando com objetivos bem definidos. E tudos isso segue uma doutrina militar que varia de nação para nação,o governante no poder, leis vigentes locais, etc. O que pode ser considerada uma missão de força espcial aqui pode não ser em outro lugar. Elas exigem planejamento detalhado constantemente atualizando os informes. Por isso muitas unidades de forças especiais trabalham juntos com serviços de inteligência.
Segundo, em grande parte do planeta, os militares das forças especiais decidem como operar no ambiente operacional. Devem ser persistentes mas inteligentes.. Os militares das forças especiais DEVEM tomar a iniciativa pois geralmente o comando das forças especiais se monstra DECENTRALIZADO. O SAS e Seals por exemplo permitem um grande grau de liberdade para que os seus militares (incluindo soldados e praças) decidam como cumprir as suas missões bem distantes dos generais longe do ambiente operacional. Isso existe frieza, capaciade de liderar, decidir e tomar a iniciativa levando muitos fatores em conta.
Mas quais são estas missões? Veja tudo explicado abaixo com alguns exemplos:
-Reconhecimento: A misssão principal das forças especiais sempre foi obter dados de inteligência militar. O reconhecimento é realizado por pequenas unidades de militares altamente treinados, geralmente de unidades de forças especiais ou organizações de inteligência militar, que operam atrás das linhas inimigas, evitando o combate direto e a detecção pelo inimigo. Como uma função, o reconhecimento é diferente das operações de comando, mas ambas são freqüentemente realizadas pelas mesmas unidades. O papel do reconhecimento inclui obter informes sobre o inimigo bem atrás das linhas inimigas e geralamente sem ataca-lo diretamente e sim preparando um ataque. O reconhecimento especial inclui a direção oculta de ataques aéreos e de mísseis, em áreas bem atrás das linhas inimigas, colocação de sensores monitorados remotamente e preparações para outras forças especiais. Como outras forças especiais, as unidades de reconhecimento também podem realizar ações diretas e guerras não convencionais, incluindo operações de guerrilha. No direito internacional, a missão de reconhecimento não é considerada espionagem se os combatentes estiverem em uniformes adequados, independentemente da formação, de acordo com a Convenção de Haia de 1907, ou a Quarta Convenção de Genebra de 1949. No entanto, alguns países não honram essas proteções legais, como foi o caso da "Ordem de Comando" nazista da Segunda Guerra Mundial, considerada ilegal nos Julgamentos de Nuremberg.
Exemplos: O SAS e SBS atuaram como unidades de reconhecimento antes da guerra das Malvinas e o SAS atuou na operação Barras na Serra Leoa.
-Ação direta: Ação direta são operações militares como incursões, emboscadas, sabotagem ou ações semelhantes. Podem ser realizadas por unidades militares convencionais mais especializadas (fuzileiros, paraquedistas, infantarias de selva, infantaria leve e outros tipos de unidades similares), unidades de comandos ou forças especiais. Quanto mais precisa a operacao mais necessárias e presentes se fazem as unidades de forças especiais.
Exemplos: O SAS australiano (foto acima) realizou diveras emboscadas durate a guerra do Vietnã com um excelente aproveitamento.
-Guerra não convencional/ guerra irregular: A guerra não convencional é o apoio de uma insurgência estrangeira ou movimento de resistência CONTRA seu governo ou uma potência ocupante. Enquanto a guerra convencional é usada para reduzir a capacidade militar do oponente diretamente por meio de ataques e manobras, a guerra não convencional é uma tentativa de alcançar a vitória indiretamente por meio de uma força substituta local com o apoio dos nativos. A guerra não convenciona contrasta com a guerra convencional em que as forças são freqüentemente encobertas ou não bem definidas e depende fortemente de subversão e guerra de guerrilha. Sabotagem e propaganda podem ser ferramentas importantes neste tipo de guerra.
Exemplo: A recente euforia de alguns jornais estrangeiros minando o governo do Brasil sobre a Amazonia pode ser considerada um exemplo de propaganda aplicada a guerra irregular.
-Contra-insurgência: Alguns autores consideram contra-insurgência como o oposto da guerra irregular. e definida como "esforços civis e militares (aonde entram as forças especiais e unidades convencionais) abrangentes que APOIAM o seu governo para derrotar e conter a insurgência (guerrilheiros) simultaneamente e abordar suas causas e raízes.
Exemplo: A melhor unidade de forças especiais africana, os Selous Scouts, operavam com maestria eliminindo terroristas vivendo no mesmo ambiente que eles.
-Contra-terrorismo: Diveros tipos de missões das forças especiais aqui ligadas com as missões acima mas podemos destacar:
Caça a alvos de alto valor: Operações militares por forças de operações especiais e organizações de inteligência para procurar e capturar ou matar combatentes inimigos importantes, conhecidos como alvos de alto valor. Exemplo: a operação que elimininou bin laden- Resgate de reféns: Método de recuperação de pessoal usado para recuperar pessoal isolado normalmente sequestrado pelo inimigo/ terroristas. Exemplo: O resgate dos reféns realizado pelo SAS em Londres, na embaixada do Irã (Fotos acima)
-Operações clandestinas: (Black ops) Operação secreta ou clandestina é uma operação realizada por uma agência governamental, uma unidade militar (normalmente forças especiais) ou uma organização paramilitar; pode incluir atividades de empresas ou grupos privados. As principais características das operações clandestinas são que não podem ser atribuída à qualquer organização que a executa.
Exemplo: Alguns jornalistas sugerem que militares russos estejam atuado na Siria. O governo russo nega.
-Proteção de dignatários (VIP): Proteção de autoridades, governantes e convidados do governo realizada de modo velado com o apoio de militares que demonstram uma atitude mais direta. Dependendo a doutrina militar do lugar pode ser realizada pelas forças especiais ou unidades especializadas deste tipo de atividade.
Exemplo: O presidente norte-americano e a realeza do Reino Unido foram protegidos por um tempo por membros das forças especiais.
-Defesa Interna Estrangeira (DIE): Participação de agências civis e militares de um governo em qualquer um dos programas de ação realizados por outro governo ou outra organização designada para libertar e proteger sua sociedade da subversão, ilegalidade, insurgência, terrorismo e outras ameaças à sua segurança ”
O DIE é a espinha dorsal do que as Forças Especiais fazem junto com a Guerra Não Convencional. A chave para o FID é construir relacionamento com as forças da nação anfitriã. E ter o idioma e a formação cultural para entender, se adaptar, se comunicar bem, ajudar e prosperar com os locais é vital. As tropas das Forças Especiais dos Estados Unidos por exemplo recebem de 4 a 6 meses (mínimo) de treinamento em idiomas antes de irem para os grupos operacionais.
Em uma situação de combate ou missão DIE de tempo de guerra, as unidades lideram e às vezes criam uma nova unidade onde houver necessidade. As unidades são selecionadas, treinadas e lideradas por pessoal das forças especiais. A próxima fase é a unidade de forças especiais então aconselhar as unidades locais através de toda a sequência da missão e acompanhá-los em suas missões. E, uma vez que as forças locais sejam capazes de conduzir operações unilaterais sem assistência, a missão está completa.
Exemplo: O treinamento oferecido a militares africanos por norte-americanos.
À medida que o clima da guerra continua a mudar, as nuances da guerra tornam-se mais complexas. Grandes ataques de ação direta por forças especiais podem não ser uma opção realista sempre e forças amigas poderiam ser treinadas na fronteira para realizar a mesma missão mas as mesmas no futuro podem vir a se tornarem inimigas. Por outro lado, nenhuma unidade militar do planeta vence tudo sozinha e todo mundo precisa de aliados.
A guerra é um jogo de xadrez e, às vezes, a jogada mais descarada não é a mais inteligente.
Excelente texto. Refletindo sobre as propagandas baseadas em guerras irregulares contra o Brasil, sonho com o dia no qual conseguiremos mitigar tais ataques de forma mais efetiva. Corações e mentes estão se tornando a verdadeira guerra moderna.
ResponderExcluir