terça-feira, 14 de novembro de 2017

Diferenciando forças especiais x comandos



Pergunta comum que muitas pessoas querem saber: O que diferencia forças especiais e comandos?

Um texto curto seguindo a doutrina brasileira sobre o assunto. Bom lembrar que cada lugar tem uma doutrina e logo assim, se diferencia na maneira de classificar tais unidades.

-Comandos: O Comandos tem como missão realizar ações de captura, resgate, eliminação, interdição e ocupação de alvos compensadores do ponto de vista estratégico, operacional ou tático, situado em área hostil ou sob controle do inimigo, em tempos de paz, crise ou conflito armado, visando contribuir com a consecução de objetivos políticos, econômicos, psicossociais ou militares. Para cumprir tais missões, o batalhão é moldado de forma a ter garantidas as seguintes possibilidades: - realizar infiltrações e exfiltrações terrestres, aéreas e aquáticas; - atuar em qualquer ambiente operacional, particularmente em regiões semi-áridas, de montanha, de planalto e de selva; - conduzir o fogo terrestre, aéreo e naval; - participar em conjunto com outras FOpEsp, de operações contraterrorismo e de guerra irregular; - realizar operações contra forças irregulares; - realizar operações de reconhecimento especial, principalmente em proveito próprio; - realizar outras operações de inteligência de combate; - assessorar outras forças quanto ao emprego dos elementos operacionais de Comandos.

Exemplos mundo afora: Comandos brasileiros, Rangers norte-americanos, Comandos ingleses.

-Forças especiais: Os Operadores de Forças Especiais são especialistas em Guerra Não Convencional, Reconhecimento Especial, Operações Contra Forças Irregulares e Contraterrorismo. Organizam-se em Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp),  podendo ser empregados em ambientes hostis, negados ou politicamente sensíveis.
     O DOFEsp é capaz de estabelecer e cultivar laços de confiança com a população local a despeito das barreiras culturais, apoiando ou evitando uma confrontação militar formal, com repercussões nos níveis político e estratégico do conflito. Os Forças Especiais são caracterizados por serem um grupo de elite de altíssimo desempenho que cumpre missões e tarefas em áreas profundas, além das capacidades das forças convencionais. Estas frações são exclusivamente especializadas, organizadas, equipadas e empregadas de acordo com as seguintes condicionantes: - capacitação em línguas estrangeiras; - compatibilidade étnico-cultural com a região de emprego; - habilidade de percepção dos traços culturais locais; - preparação para adaptar-se ao contexto político local; - especialização em mediação e negociação; - capacitação para operar de forma autônoma em ambientes hostis, negados e politicamente sensíveis; - proficiência na coordenação interagências; e - proficiência na aplicação de avançadas tecnologias.





Exemplos mundo afora: Forças especiais do Brasil, SAS do Reino Unido, Delta force dos Estados Unidos e os boinas verdes (ambos que atuam de modo diferente sendo a Delta Force uma unidade mais secreta que os boinas verdes e criada no modelo do SAS do Reino Unido), SAS Australiano..



domingo, 12 de novembro de 2017

História das Forças Especiais: Como a Força Delta norte-americana copiou o SAS britânico

Quando muitas pessoas falam de forças especiais muitos imaginam soldados norte-americanos musculosos e em especial os boinas verdes. 
Mas quem estudou um pouco sobre a história das forças especiais sabe sobre uma outra unidade mais secreta e muito mais operacional:  a Força Delta ou  1st Special Forces Operational Detachment - Delta (1st SFOD-D) na lingua inglesa.

A elite da elite dos Estados Unidos chama-se  Força Delta e tem uma origem bem peculiar.

Muitos desinformados, deslumbrados e desconhecedores das origens das Força Delta acreditam que tal unidade veio ao mundo pronta sem falhas e com uma doutrina baseda nos boinas verdes. Vamos ajudar as leitoras e leitores a aprender mais sobre o assunto.

No início da década de 60 e 70, surgiu a necessidade de que as Forças Armadas se preparassem para a ascensão do terrorismo global que se insurgia, principalmente por causa dos movimentos radicais islâmicos no Oriente Médio. Os anos 70 foram marcados por muitos ataques terroristas e nenhuma nação naquele momento (incluindo os Estados Unidos) tinha uma unidade especializada para combater o terrorismo.

Os boinas verdes norte-americanos haviam sido utilizados no Vietnã com um certo sucesso militar assim como os Navy Seals, Rangers e patrulhas de recohecimento de longo alcance mas nenhuma destas unidades tinha o preparo para o novo tipo de guerra que o mundo moderno conheceria em pouco tempo.

Os boinas verdes tinham um processo seletivo desgastante mas muito da sua doutrina era ainda bem convencional. Generais e outros oficiais, mesmo que longe do campo de batalha, ainda comandavam militares que operavam em ambientes muitas vezes diversos dos planejados pelos generais. Uma doutrina bem convencional com ordem-unida, treinamento físico convencional e forte respeito a hierarquia ainda imperava nos boinas verdes. Muitos oficiais militares convencionais ainda recebiam uma boina verde e o comando de unidade de boinas verdes sem nunca terem participado do processo seletivo das forças especiais ou operados em ambientes hostis.

Nesta época e em um processo que dura ainda em 2017, as Forças Armadas dos Estados Unidos e do Reino Unido tinham iniciado um sistema de troca de treinamento e num desses treinamentos, o futuro criador da Força Delta, o coronel Charles Beckwith foi enviado como "Oficial de Ligação" do Exército dos EUA como um intercâmbio, para participar da seleção e do treinamento no Special Air Service do Exército Britânico. 


 Coronel Charles Beckwith foi enviado como "Oficial de Ligação" do Exército dos EUA como um intercâmbio, para participar da seleção e do treinamento no Special Air Service do Exército Britânico. Um soldado nunca sabe tudo e deve procurar saber mais sempre.  .

Beckwith havia operado no Vietnã mas viu que tinha muito que aprender. A sua mentalidade convencional de oficial foi testadas muitas vezes aonde soldados do SAS mais experientes no campo de batalha desacatavam as suas ordens. Em uma viagem a selva o oficial norte-americano fez a barba enquanto os britânicos do SAS deixavam a barba crescer para evitar cortes infeccionados. Em outro evento Charles Beckwith ao ver dois soldados britânicos do SAS sentados no solo preparando chá pouco se importando com a presença do oficial norte-americano que os advertiu para mais uma vez ser ignorado pelos soldados do SAS.

Entretanto, Charles Beckwith ficou chocado com o profissionalismo e operacionalidade do SAS que na sua metodologia nada convencional criava soldados mais operacionais que os soldados norte-americanos. O treinamento do SAS tinha sempre uma finalidade. Oficiais perdiam o poder perante soldados mais experientes e no campo de batalha o militar mais experiente era quem comandava. Os oficiais deveriam passar pelo processo seletivo sem regalias por serem oficiais. Marchas longas carregando equipamentos e navegado por terrenos montanhosos eram o teste base  sem cangurus e outros exercícios sem finalidade nenhuma.



O SAS foi o modelo a ser copiado quando os norte-americanos decidiram criar a Delta Force.

A mentalidade do SAS provava que fatos e criatividade superavam a teoria fez com que o orgulho oficial norte-americano revisse os conceitos de Forças Especiais.

Após concluir o processo seletivo do SAS e conseguir a almejada boina bege e adquirir conhecimento necessário para treinar e capacitar soldados para a nova necessidade que surgia, Charles Beckwith voltou para os EUA e sugeriu que uma unidade nos modelos do SAS britânico fosse criada. 
A Australia, Nova Zelandia e Africa do Sul andavam pelo mesmo caminho.

Charles Beckwith encontrou muita dificuldade no caminho. Os militares convencionais dos Estados Unidos ainda comandavam os boinas verdes e a mente fechada os impedia de ver os fatos. Charles demonstrou para os altos escalões das forças armadas norte-americanas a vulnerabilidade e a falta que fazia de uma unidade militar similar a SAS mas foi boicotado e ignorado por anos. A história se repetia e parecia semelhante quando o oficial David Stirling, criador do SAS durante a II guerra, sofreu dificuldades e boicotes por parte de generais e oficiais ao tentar criar o SAS.

Felizmente e depois de muitos anos, Charles Beckwith foi chamado para criar uma unidade semelhante ao SAS nos Estados Unidos. O processo seletivo para a Delta Force foi modelado no SAS totalmente.