quinta-feira, 18 de junho de 2015

Porque na vida real os soldados de forças especiais e comandos estilo Rambo não existem.




O cinema muitas vezes possui como chamada atores que interpretam soldados de forças especiais e comandos. Embora isto seja mais comum no cinema norte-americano com a chamada para soldados de forças especiais e comandos do Tio Sam, soldados de elite da França, Inglaterra, Alemanha e outros lugares também tiveram aventuras contadas na grande tela com o povo aplaudindo os seus representantes neste campo.

No Brasil isto ainda é raridade. Provavelmente isto se deva a raiva do governo contra os militares por um turbulento passado que envolveu o regime militar em época de guerra fria e terroristas que hoje viraram nossos governantes. Os intelectuais brasileiros também possuem um certa raiva dos militares e moldam seus seguidores para odiarem militares. E isto se perpetua com o passar dos anos. Ao mesmo tempo, os militares brasileiros mais se preocupam com aposentadoria e outras coisas que em serem operacionais embora possuamos excelentes unidades e soldados.

Mas alguém vai falar: O BOPE foi tema de cinema no Brasil.  Embora não seja uma unidade militar e sim policial mas que atua de modo mais duro no Rio de Janeiro visto o contexto de guerra urbana e terrorismo no local, o BOPE também foi alvo de amor por alguns e desprezo por outros. E isto mostra um pouco do povo brasileiro que talvez tenha na sua cultura o culto ao banditismo embora alguns policiais ou militares também possam agir com tal. Nosso culto aos militares muito difere dos EUA, Inglaterra, França ou Alemanha. Ainda enxergamos militares como concurseiros ( e uns se comportam como tal) ou ainda vivemos no trauma do passado de 40 anos passados que nossos intelectuais como Chico Buarque e Caetano amam nos fazer lembrar.

Mas quer seja no cinema brasileiro ou no cinema norte-americano, a imagem de um soldado de elite lembra um personagem como o Rambo. Musculatura definida, uma certa altura e o visual de atleta de fisiculturismo ficaram na mente do povo leigo que assim imagina um soldado de forças especiais ou comando.

Embora isso possa acontecer em alguns casos dependendo da especialidade do militar, da sua unidade e também da cultura do lugar aonde ele opere, a grande verdade é que o soldado de forças especiais possui um porte médio e a sua musculatura esteja longe de lembrar um comando como interpretado por Arnold ou aquele do filme Rambo.

Motivos? Alguns deles:

-Para os músculos se desenvolverem como os de um fisiculturista o treinamento deve ser baseado em levantamento de peso. Em geral atividades de forças especiais tem pouco a ver com levantamento de peso. Na maioria das vezes a capacidade de realizar longas marchas carregando fardos pesados de 30 quilos ou mais é o que importa para completar a missão. Nos fardos o militar carrega munição, armamentos, suprimentos e uma coisa ou outra para o conforto além de algum equipamento especifico para a missão. Muitas vezes deve fazer isso dentro de um tempo determinado. A capacidade física para fazer isso em missões reais é mais importante que mostrar músculos do tipo "bombado". Isto pode variar de unidade para unidade mas este é a regra geral.

-Soldados de forças especiais dormem pouco. Muitas vezes a noite é a melhor amiga do combatente. Porém, a falta de sono constante pode causar catabolismo. Ou seja, o soldado perde músculos devido a falta de descanso apropriado em virtude da missão. Fisiculturistas por outro lado dormem muito para geral anabolismo e desenvolverem os seus músculos.  

 -Nutrição. Fisiculturistas aliam o sono, o treinamento de cargas e suplementos para obterem corpos grandes. Os soldados de forças especiais e comandos muitas vezes priorizam carregar armas e equipamentos que cumpram com o objetivo do seu trabalho ao invés de carregar comida. Geralmente o estoque de alimentos no fardo militar é limitado. A dieta tem como regras ser a mais nutritiva dentro do que é permitido mas nunca vai ser prioridade como é para um fisiculturista.

O soldado de forças especiais e comandos deve se adaptar ao ambiente sem se apegar a detalhes menores como conforto que possam atrapalhar o seu trabalho. Nestes casos a dieta nem sempre é a ideal. Por outro lado quando retorna ao quartel tem (ou deveria ter) uma melhor dieta para recuperar o corpo do desgaste durante a fase operacional. 

Durante o treinamento todos estes fatores são explorados para fazer o candidato desistir mas também para mostrar como é a realidade durante operações. Durante missões reais muitas vezes pode-se ter um certo conforto durante curto períodos de tempo.