sábado, 15 de abril de 2017

Se você nunca ouvir falar do SAS (Serviço Aéreo Especial) a base das nossas forças especiais, ESTUDE MAIS



Alguns meses atrás um vídeo nos foi indicado pelo Facebook. O vídeo em si se tratava dos comandos do Brasil fazendo treinamento antiterrorismo e um outro treinamento na selva. Ufanistas começaram a enaltecer os guerreiros da selva do Brasil como os imbatíveis neste ambiente. Os comandos que praticavam antiterrorismo na casa da morte (local aonde faziam o seu treinamento) também foram citados como os melhores do planeta. Muitos citavam que nossos militares eram inovadores neste tipo de treinamento.

Com todo respeito aos meus colegas guerreiros mas vamos aos fatos:

As forças especiais do Brasil foram moldadas no modelo norte-americano com um toque nacional dado pela Batalha de Guararapes. Mas praticamente todas as forças especiais modernas do mundo foram moldadas no SAS (Serviço Aéreo Especial) a mais antiga das forças especiais britânicas. Aqui nos referimos as técnicas mais atuais de combate.

Se você nunca ouvir falar do SAS (Serviço Aéreo Especial) a base das nossas forças especiais e forças especiais modernas, deixamos uma dica: procure estudar mais. Todo militar deveria saber como o SAS pensa e atua.

Antes do Brasil pensar em ter forças especiais as forças especiais britânicas e em especial o SAS operavam em ambientes de selva, antiterrorismo e guerra irregular. E tem muito leigo misturando o que é uma unidade de comandos com unidades de forças especiais. Ambas possuem missões distintas.

Fatos históricos abaixo:


1- O SAS foi criado em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, para combater nos desertos da África do Norte, por um tenente escocês chamado David Stirling. Oficiais de guerra convencional tentaram sabotar a nova unidade criada pelo tenente que recrutou ex-comandos britânicos. As unidades de comandos utilizavam muitos homens e tinham muitas missões canceladas. David Stirling teve a revolucionaria idéia de usar unidades bem menores infiltradas nos campos inimigos. Os soldados do SAS tinham um perfil bem atípico dos militares convencionais. O Brasil pouco sabia de forças especiais nesta época.


2- Depois da II Guerra, o Reino Unido começou a combater comunistas nas selvas do Bornéu e Malásia. O SAS inclusive tem uma boa parte do treinamento inicial na selva e já faz parte do processo seletivo. Este treinamento depois se torna mais especializado. Ou seja, em 1950 soldados do SAS já estavam atuando em missões reais na selva. O nosso excelente CIGS foi formado tempos depois.



3- O SAS que iniciou o estudo em missões antiterroristas e resgate de reféns em ambientes confinados. Nem o Brasil e nem os americanos tinham preparo para este tipo de operação na época. O nome que os comandos brasileiros deram para a sua casa de treinamento (casa da morte) vem DIRETAMENTE do SAS que chama o seu lugar de treinamento de killing house (casa da morte em língua inglesa). O SAS participou de muitas missões de resgate de reféns com o maior índice de sucesso até hoje entre muitas unidades de forças especiais.


5- Suas missões incluem nem sempre o perfil do tradicional militar. Soldados do SAS podem se vestir como civis e odeiam coisas com marchar, faxina e demais atividades com perdas de tempo.







6- Unidades como o SAS neozelandês e australiano (fotos acima) foram diretamente copiadas do modelo britânico. Estas unidades tiveram grande sucesso durante a guerra do Vietnã para quem desconhece o envolvimento deles considerando que eram bem menores que unidades norte-americanas.



7- A famosa Delta Force norte-americana foi criada por um militar norte-americano que passou pelo curso do SAS durante um treinamento no Reino Unido e notou que os boinas verdes deixavam a desejar na época. Os Estados Unidos tinham os boinas verdes como modelo naquele tempo. O comandante norte-americano mostrou humildade, aprendeu que o SAS tinha mais a ensinar e copiou o modelo britânico ao criar a Delta Force. Ele também sofreu represálias de militares que desconheciam a guerra convencional assim como de muitos boinas verdes que sabiam tudo na teoria mas nada na vida real e tinha uma certa rivalidade com a mentalidade nada convencional do SAS. Escreverei um texto sobre este tema.



8- O SAS anda operando em missões reais desde a II guerra por todo o planeta desde o seu nascimento em 1941 até hoje. Alguns dos lugares e missões divulgadas podem ser vistas abaixo (em língua inglesa):
Jebel Akhdar War
Indonesian Confrontation
Aden Emergency
  • "Keeni-Meeni Operations", 10 December 1963 – 1967, the search for Yemeni-trained assassins.[7]
Dhofar Rebellion
  • Operation Storm, 1970–1977, deployment of the SAS to support the Sultanate of Oman; operating under the auspices of a British Army Training Team (BATT). Included the well documented attack on the SAS outpost at Mirbat.[8]
Lufthansa Flight 181 
Iranian Embassy Siege
Falklands War
The Troubles
Persian Gulf War
Japanese embassy hostage crisis
Bosnian War
War in Afghanistan
Iraq War
Operation Enduring Freedom – Horn of Africa
Military intervention against the Islamic State of Iraq and the Levant
Libyan Civil War     

Ou seja: confiança é uma coisa mas sem soberba e arrogância. As forças especiais do Brasil ainda tem um longo caminho pela frente em certos aspectos. Muitas unidades hoje treinam juntas mas a base e o reconhecimento de uma raiz nascem com estudo. E muita vezes isso gera um enorme aprendizado. Se você nunca ouvir falar do SAS (Serviço Aéreo Especial) a base das nossas forças especiais e forças especiais modernas, informe-se pois eles operam em ambientes hostis desde a II guerra e tem muito a ensinar.


Um comentário:

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